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segunda-feira, 30 de junho de 2008

MAR DE FRONTE


Caneta cor de veneziana creme
caderno de anotação à janela aberta e reluzente
raios de sol ilustrando olhos

Chinelos de pêssego maduro e doce
calças aos passeios da brisa
camisa de seda a derrama-lhe corpo

seixos com caules e frutos amarelo manga e vermelho verão
mãos sustentando piscares de eterno dialogo
boca tomando xícaras de beleza
num final de tarde varanda adentro.

sábado, 21 de junho de 2008

ORKUT


Quem tem orkut-tem medo:

Lindo + Respondidos = deleitados.

(CD-ROM)ANCE

NAMORO
QUE MORA

NO CORAÇÃO

AROMA

NO AR

COMO UMA RÃ


AMARGA

NUMA CASA

DE ORAÇÃO


AMA

COMO AMORA
OU ROMÃ


EM ROMA

NO MAR OU
MEMÓRIA RAM

PEDINTES


Suor da Santa ceia


O suor nem chega a escorregar

nos sinais e nas esquinas muita luta

É a marca do rosto que evapora

caminhando sob o sol numa labuta


Um trabalho que não cessa em rodovia

Nem nas ruas, avenida ou logradouro

procurando o trânsito do dia-a-dia

se transforma num eterno matadouro


Por ouro, um besouro voa atrás do mel

nem pensa quando olha, reza para o céu.

acredita num deus que tarda a chegar

e de longe lhe oferece o vosso pão de cada dia


mesmo assim ele cria, lava, pede, vende

causa medo na estrutura

“Eu podia tá roubando, podia tá matando”,

mas não, tô aqui pedindo criatura ““.


Você não quer nem saber

que fim vai levar essa história

pois se farta numa ceia

proferindo palavras de glória

Música

sexta-feira, 20 de junho de 2008

PROMESSA IMPOSSÍVEL

Amanhã eu sou só seu.
Amanhã eu sou sol céu.




PISCINA IV


Sombra torta sob a água ávida
Fantasma no gráfico da piscina
Costas camuflada por pulseira insípida

Ondas, dissipando líquido
ao contato do corpo pálido
sobre o mosaico ilógico

Imagem de um mergulho raso,
ar preso num suspiro rápido
dentro de um quadrilátero

pleno de conteúdo límpido
num quase dia fúlgido
meteorológico.

PISCINA III


Do tronco d'árvore:

Uma vista binocular

para fora daquele clube

para fora daquele cubo

para beira da piscina

Mata ciliar:

Uma fita à flora viva

Um feixe de fotossintese

Um facho fotográfico

Uma seiva fac-símile

dissolvido em ponta, caule

e raiz de cabelo (primo iti)

sereia cloro:

Estrias ao biquini preto,

fotolito com raios de miçangas

ao braço direito

a rimar em pensamentos frouxo

e sutiã desrevelado.

PISCINA II


Feixe de braço reflexo

banho de madeixa

rima pele, rima pêlo,

ritmo d'água

biquíni preto.

Por cima:

Um peixe semi nu (sereia)

fechando pontos cartesianos da piscina.

PISCINA


Submerso:

Um beijo bolhinhas à mão escorregadia sobre a pele de baleia.

À tona:

Dois beijos de complemento ao ar suspenso ao peito flutuante.

THE POEM

There sleeps a poem in my mind
That shall my entire soul express.
I feel it vague as sound and wind
Yet sculptured in full definiteness...

It has no stanza, verse or word,
Even as I dream it, it is not.
'Tis a mere feeling of it, blurred,
And but a happy mist round thought.

Day and night in my mystery
I dream and read and spell it over,
And ever round words' brink in me
Its vague completeness seems to hover.

I know it never shall be writ.
I know I know not what it is,
But I am happy dreaming it,
And false bliss, although false, is bliss.

Fernando Pessoa

O POEMA

Dorme um poema em meu intelecto
que deve minh'alma completa expressão.
Eu o sinto vago como som e vento
ainda emoldurado em completa concisão.

Sem estrofe, verso ou vocábulo
Não o é, mesmo quando eu sonho.
É uma mera sensação de que,confuso,
e nada além de uma névoa em torno
[de pensamentos risonhos

Dia e noite com meu enigma
Eu sonho e leio-o e o escrevo completamente,
E mesmo em torno do fio das palavras em mim
Sua vaga completude parece estar iminente.

Eu sei que ele nunca será escrito
Eu sei. Aliás, eu não sei o que é isso,
Ainda que feliz e esperando-o,
e num falso êxito,embora falso,um êxito.



Tradução: Rafael dos Prazeres

sexta-feira, 6 de junho de 2008

MEANTIME

Far away, far away,
Far away from here...
There is no worry after joy
Or away from fear
Far away from here.

Her lips were not very red,
Not her hair quite gold.
Her hands played with rings.
She did not let me hold
Her hands playing with gold.

She is somewhere past,
Far away from pain.
You can touch her not, nor hope
Enter her domain,
Neither love in vain.

Perhaps at some day beyond
Shadows and light
She will think of me and make
All me a delight
All away from sight.

Fernando Pessoa

ENTREMENTES

Longe, Longe
muito longe daqui...
Não há desgosto após o júbilo
ou medo de fugir
muito longe daqui.

Seus lábios não estavam tão rubros,
Nem seus cabelos, louros.
Suas mãos brincaram com elos,
ela não me deixou segurá-las
brincando com ouro.

Ela está n'algum lugar do passado,
longe da aflição.
Você não pode tocá-la, nem esperar
entrar em sua dominação
nem o amor em vão

Talvez n'algum dia para além
de cinzas e clarão
Ela pensará de mim e fará-me
todo uma excitação
bem longe da visão.

Tradução: Rafael dos Prazeres